O velho aforismo, “Pior do Que Tá não Fica”, usado por Tiririca, hoje deputado federal por São Paulo, foi por água abaixo. Notícias dão conta de que a CPMF tem data marcada para voltar a fim de cobrir o rombo no orçamento do governo Dilma (faltam quarenta bilhões para fechar a conta).
Mas os do circo do Congresso sobre a batuta do palhaço Tiririca estão radiantes: Antes do primeiro mês de trabalho (ops!) já receberam 61% de aumento.
E o que falar da elite da Esplanada (os Ministros) que terão em seus holerites, 148% de aumento a partir do mês da “tragédia anunciada” do Rio de Janeiro. Segundo J.R. Guzzo — em seu ensaio “As ‘Cotas’ de Brasília” na recente revista Veja (Edição 2.200) “os cargos (Ministérios) que têm impacto direto na vida dos cidadãos, e que obviamente exigem de seus ocupantes experiência, talento e aptidão profissional para ser exercidos com um mínimo de eficácia, são entregues de “porteira fechada” a esta ou àquela turminha”.
Notícias recentes dão conta de que dos 37 ministros, dez já confirmaram, sem nenhuma parcimônia, que terão assentos remunerados (o por fora) em conselhos de estatais (vide reportagem veiculada na Veja dessa semana, com o título: “Marajatina Ministerial”).
A coisa chegou a um nível total de desmoralização, que segundo o ensaísta da última página da Veja, “discute-se abertamente o valor do posto, sem nenhum disfarce, como se disputa pontos de tráficos de drogas nas favelas. Negócios de 10 e 20 bilhões de reais são debatidos em plena luz do dia.”
Quero, como cidadão brasileiro, ante essa encarniçada luta partidária pelo butim público, apresentar minha sugestão ao novo governo da presidente Dilma:
Ao invés de distribuir benesses a gente que não se sabe se tem ou não competência, por que não submeter todos os ministros e assessores a uma espécie de vestibular (não o do ENEM, que vaza demais). Evitaria em muito o desgaste que está ocorrendo logo no início do seu governo, em que caciques do PMDB já ameaçam boicotá-lo, se a sua cota for menor que a do PT. Segundo J.R. Guzzo — colunista da Veja, “essa foi uma das equipes mais cinzentas que um chefe de estado brasileiro já conseguiu reunir em torno de si [...]. O ministro da Previdência Social diz que não entende nada de previdência social. A ministra da Cultura diz que não entende nada, de direitos autorais”. E por aí vai...
Mas, a indolência do brasileiro servil parece vir mesmo de sua herança cultural. O historiador e Ph.D em Economia — Júlio Senna, sobre essa passividade, assim disse em seu livro “Parceiros do Rei” (página 167): “Talvez por termos nos acostumado, desde os anos iniciais de nossa formação, a obedecer sempre ao poder central, a seguir as suas instruções, a lhe pagar impostos sem muito discutir, tenhamos deixado de nos preocupar com o interesse de coletividade. Aprendemos a nos ocupar apenas das questões individuais. Os demais problemas deveriam ser resolvidos pelo Estado, que sempre se imiscuiu em tudo”.
Era assim que os nossos antepassados portadores de sentimentos de inferioridade se dirigiam aos portadores de poderes quase divinos (os governantes): “A nossa esperança está primeiramente em Deus, e depois em Vossa Excelência”, e achavam bonito, quando o povão dizia: “Ele rouba, mas faz”, a respeito de um outro emblemático e famoso político que fez das suas nas décadas de 1940 e 1950 — Ademar de Barros de São Paulo.
Quando os que administram o “gigante adormecido” denominado Brasil, privilegiam abertamente os funcionários da elite política com mordomias e aumentos extorsivos de salários em época de inflação quase zero, é hora de fazer nossa a célebre frase de Shakespeare: “há algo de podre no reino da Dinamarca”.
Ensaio por Levi B. Santos
Guarabira, 19 de janeiro de 2011
8 comentários:
A podridão do "reino da Dinamarca" já vem de longas datas... O fato é que a corrupção está aqui desde a colonização, fica dificil acreditar em alguém. Esse simplorio palhaço, que muitas vezes nos fez rir, vai ganhar mais de R$ 26.000 sem contar todos os beneficios, enquanto o cidadão que realmente faz esse país andar terá um aumento vergonhoso. Tirica cantava: "não sei se tu me amas, pra que tu me seduz?". Respondido rsrs. Parabéns pelo conteúdo tão elucidativo. Bom seria que a presidenta acatasse a sua sugestão, pelo bem da nação.
Ah, obrigado por me seguir no Blog, me senti honrado. Abraço!
parece que dilma vai ter que se virar para administrar a "herança maldita" do seu padrinho e que de certa forma, é dela também.
a machete do jornal o globo de hoje é a seguinte:
"BC de Dilma aumenta juros para cobrir inflação de Lula".
fora que dilma está tão mal acompanhada, resultado das mágicas que teve que fazer para não deixar nem pmdb nem pt descontentes que a tensão vai ser permanente; o cobertor é curto demais para agasalhar o gigante.
parabés, levi, pelo excelente artigo.
Eder e Eduardo
No começo do governo FHC a orquestra sinfônica administrativa nacional era composta de 15 ministros (músicos) e desafinava como nunca.
Avaliem essa orquestra, agora, com 37 músicos, que mal sabem ler uma partitura musical, (kkkkkkkkkkkk)
Tem uma música de carnaval que eles aprenderam na infância, e ainda é essa que eles mais gostam de tocar:
“Ei você aí, me dá um dinheiro aí
Me dá um dinheiro aí
Não vai dar?
Não vai dar não
Você vai ver a grande confusão
O que vou fazer
Bebendo até cair
Me dá, me dá, me dá (oi)
Me dá um dinheiro aí”
Levi, a revolta pode nos provocar um ataque cardíaco né?
Nós brasileiros somos uns acomodados, esta é a verdade. Quando a gente resolve brigar por nossos direitos, somos taxados de barraqueiros ou polêmicos. Em um BB uma funcionária teve a audácia de me perguntar em alto e bom som: "E quem neste país cumpre lei"?
Eu queria te fazer uma pergunta: você ouviu falar que a Dilma teve uma briga feia com o Cabral a ponto de perguntar a ele se ele não tinha vergonha e sugeri a ele que renunciasse o cargo?
Eu fico cabreira com os e-mail que recebo.
Amigo, gosto de vir aqui porque você sempre tá por dentro rsrs
Gostei muito do seu blog é informativo e dinâmico,ja estou te seguindo,bjs;*
Me sinto um grande palhaço.
Abraços Mestre Levi.
Evaldo Wolkers.
Guiomar, Júuh, e Evaldo
Os "cara de paus" do Congresso não respeitam nem os habitantes que tiveram Teresópolis e Nova Friburgo arrasadas.
É que li, agora pouco, que os que mamam nas tetas da pátria estão reunidos nos antros de Brasília numa guerra de foice pelo comando da Casa de Mãe Joana (Presidência da Câmara)
É demais...
Curiosamente, o aumento de salário dado pelo governo foi ínfimo perto da indiscutível inflação que o desigual crescimento brasileiro vem causando. Crescimento este que mais se aproveita aos políticos e às empresas que se benficiam junto com o Estado, sendo favorecidas nas licitações obviamente direcionadas.
A cultura de tolerância à corrupção também se verifica numa dimensão menor - no município (ano que vem iremos eleger nossos vereadores e prefeitos). Porém, posso dizer que a falta de transparência e de participação política do cidadão a nível local é ainda maior do que na esfera federal. E, quanto menor a cidade, mais a corja política é unida para dilacerar o patrimônio público. Uma corrupção que envolve representantes dos governos federal e estaduais no município, além de instituições públicas e privadas que, em tese, deveriam defender a população.
Mas se o povo brasileiro tem se mostrado incapaz de mudar a realidade em sua própria cidade, fico a indagar como iremos intervir em Brasília?
Recordo que, em 1992, quando tinha meus 16 anos, a garotada foi às ruas pedir o impeachment de Collor, seguindo a euforia da mini-série "Anos Rebeldes" da TV Globo. Tudo era festa e os chingamentos (de que Collor fosse um pederasta e Rosane um ser galiforme) já mostravam o baixo nível de consciência dos manifestantes.
Hoje, além de encontrarmos o patife de volta à política junto com tantos outros que, a princípio, jamais deveriam ter retornado, temos uma passividade que dá inveja aos milicos. Estudantes e trabalhadores estão bem acomodados. O Partido dos Trabalhadores está no poder, porém não o pobre do trabalhador.
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