Um
dos encontros mais esperados na Rio+20 (que
vai até o dia 22 de junho) será o de
Lula
com o novo presidente da França ― o socialista François Hollande. Já a
presidenta Dilma oferecerá um coquetel aos diversos mandatários no dia 20 na Arena da Barra. Enfim, um ambiente festivo para tratar do desenvolvimento sustentável, bem à moda das festas
juninas que nesse mês pipocam pelo Brasil afora e, de sobra, mostrar aos estrangeiros o paraíso que
é essa Terra Prometida, denominada Brasil.
Foi
por volta de 1808 na Bahia de São Salvador, que um clima, em
tudo semelhante ao da Rio + 20
recendia, para receber a trupe do imperador Dom João VI e de sua
amada Carlota Joaquina, que fugia das garras de um imperador francês
— Napoleão
Bonaparte —, que invadira Portugal.
Contrariamente
ao que ocorreu com o Imperador português,
que fugiu desabaladamente para a Terra Brasilis, a fim de não ser morto pelas tropas napoleônicas, Lula, apesar de deposto, mas ainda reinando, é quem irá agora acolher calorosamente a maior autoridade francesa da atualidade em solo
brasileiro, em meio a um clima juninamente festivo.
No
livro “Carlota Joaquina ― a Rainha Devassa”
—, do historiador João Felício dos Santos, há uma descrição fantástica: O autor, também numa atmosfera inebriante de festas
juninas, expõe a chegada das esquadras de Dom João VI à São
Salvador, depois de dois meses de navegação marítima a céu aberto.
Quem sabe se as ressonâncias desse delirante desembarque
imperial não estão ainda a emitir reverberações em ocasiões como essa, da festiva Rio + 20?. São tão parecidos os ecos juninos
daquele tempo com os de hoje, se não vejamos:
“Assim,
anoiteceu de todo. Fanfarras e luminárias refletiam de todos os lados a alegria
popular [...]. [...] E eram foguetes, bombas, rojões, nos altos e no porto;
tiros de salvas, estouros pelos quintais, nas praças, nas ladeiras, nos adros,
fogos-de-bengala nos arredores, nos sítios, nas chácaras. As mais pesadas
festividades grandemente anunciadas com retretas, lanternas chinesas e queima
de mais fogos-de-vista.
João
Felício, em seu livro, descreve uma inusitada fala
da rainha louca Maria I, mãe de dom João VI, que veio de Portugal à
força na esquadra imperial para a paradisíaca colônia. Ao avistar,
de longe, a costa da Bahia, a velha rainha começa a delirar:
— Estamos no Brasil? Sim...sim... e os
franceses? Onde estão os tiranos desalmados? Os infiéis? — pergunta a
rainha-mãe à sua baronesa, que tinha a função de pentear os cabelos da
imperatriz.
— Quais franceses, Majestade?. No
Brasil não temos inimigos. O Brasil é melhor —, responde a baronesinha.
— O Brasil é melhor?! Como então o
Brasil é melhor? — torna perguntar a louca, arrematando: — Agora, quer dizer
que Portugal já não presta?
A
rainha louca fitando o horizonte e, ao que tudo indica, imaginando que teria saído
do inferno napoleônico, esbraveja:
— É bonito...é! Mas meninas, por cá
não há diabos? E aquilo acolá, são igrejas? Igrejas de Deus?
De súbito, a louca Maria I entristeceu-se como se
principiasse a chorar.
Valha-me São João! Mas
o que me deu na cabeça de juntar o desembarque da elite imperial em Salvador ―1808, à festiva Rio + 20 de 2012?.
Por
Levi B. Santos
Guarabira,
19 de junho de 2012
4 comentários:
Levi,
acho que você foi feliz em ver tais semelhanças rssss
Mas tudo isso é meio samba-do-crioulo-doido. Veja: os militantes verdes disseram que o texto aprovado pelos diplomatas a ser discutido pelos chefes de Estado deixou de fora questões para eles primordiais.
Por outro lado, um grande grupo de iminentes cientistas dizendo que a humanidade não é a responsável pelo aquecimento global, que a ação humana só pode aquecer os centros urbanos mas em escala planetária as causas são naturais e recorrentes na história da terra.
O próprio cientista(que me fugiu o nome) que começou a falar numa catástrofe climática para breve, já disse que suas convicções estavam sobrevalorizadas.
E tem é claro, o outro grupo de também iminentes cientistas que batem o pé para provar que é a atividade humana que está aquecendo o planeta...
E aí, quem está com a verdade?
p.s - li agora o teu poema na postagem anterior e gostei demais.
Interessante o seu paralelo e mostra o quanto nossos dirigentes ainda são fanfarrões. Mesmo essa turma do PT outrora tão socialista nos seus dircursos.
Mas lembrando de um episódio curioso quanto à chegada da coorte portuguesa de D. João VI, imagine se ocorre uma epidemia de piolho naquele Riocentro? (rsrsrs)
EDU
Da Eco - 92 ninguém mais lembra o que foi assinado. Foi tudo abandonado ao Deus-dará.
Assim , creio eu, acontecerá com a Rio + 20: a fogueira de São João esquentará a todos, além de servir para a queima de documentos, em ritmo de forró. (rsrs)
E o Obama, que desistiu de vir até aqui, ler documentos feitos aos montes, está em Casa de pernas para o ar, rindo à-toa.
É Rodrigão
D. João VI está sendo revisitado nessa Rio + 20. (rsrs) Haja piolho...
Logo mais o Riocentro vai ficar vazio, para dar lugar a uma outra pantomima - O Julgamento dos Mensaleiros , com o Rei e a Rainha, já sabendo de tudo com antecedência. (rsrs)
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