22 novembro 2012

O Conflito Israelense – Palestino em Gaza e a “Palavra do Rabino”


 


Notícias de guerras e escaramuças entre Israelenses e Palestinos da faixa de Gaza, já se tornaram algo tão previsível ou comum, que quase ninguém se debruça mais para comentá-las. Manchetes, fotos, vídeos de escombros e cadáveres despedaçados, misturados a fogo e fumaça já não despertam tanta curiosidade.

Vagando pela internet, eis que me deparei com o discurso do Rabino Yehudah Ben Yaakov, pronunciado em julho de 2006, por ocasião de uma das reedições desse eterno conflito pela “terra que mana leite e mel”; terra que na visão do grande patriarca, Abraão, um dia, Javé prometeu tomar dos Cananeus e seus descendentes para  entregá-la a sua descendência, via Isaque.

Enquanto lia a preleção do rabino, voei na imaginação à saga bíblica de um povo em busca da Terra Prometida ― terra que Canaã, o amaldiçoado por Noé (ou Javé), fez brotar tudo de bom, sendo por isso, fonte de toda inveja.  Canaã compreendia Gaza ao sul e Hamã ao norte, margeando a costa oriental do mediterrâneo. (Gênesis 10:15-19).

No livro de Gênesis, o patriarca Abraão, em seu imaginário, percebe um Deus a lhe mostrar uma vastidão de terras que se perdiam no horizonte. Javé lhe aparece dizendo: “É a tua posteridade que eu darei essa terra” (Gênesis 12: 7).

Ao mesmo tempo em que fazia uma reflexão sobre o texto do rabino Yehudah, lembrei-me da história que os evangelhos contam de um Judeu, a quem chamaram de Filho do Homem, mas precisamente àquela parte, parecidíssima com a visão que teve o patriarca Abraão. Uma autoridade aparece a Jesus, lhe prometendo uma imensidão de terra já habitada com uma condição, em tudo semelhante a do visionário maior dos israelitas: “Olha, tudo isso será teu, se me adorares” (Lucas 4:7). 

O lendário anseio Abraâmico projetado em um Deus conduziu-me ao episódio descrito pelos evangelistas, como a “Tentação do Deserto”. O mito aqui reaparece com outra roupagem, ou pelo lado avesso da promessa javélica primitiva: o “messias” Yeshua rechaça de imediato o desejo de riqueza e de poder político ― promessa tentadora vinda da contra-parte de Javé. Alguns trechos dos evangelhos demonstram que o “Filho do Homem” entendia que o inimigo maior estava no próprio homem e que era no interior dele que se originava todo o conflito, exteriorizado naquilo que Hegel denominou de relação “Senhor e Escravo”.

Chesterton, falando sobre “Deuses e Demônios”, em seu livro “O Homem Eterno” (página 149 ― Editora Mundo Cristão), disse algo profundo que tem muito a ver com as guerras e conflitos insolúveis, como esse do oriente médio: “Qualquer que seja o desencadeador bélico específico, o alimento das guerras é alguma coisa na alma”.

Mas o israelense, de um lado, e o palestino do outro lado, talvez não saibam que dentro deles existe um arquétipo patriarcal defendendo-se de sua contraparte. Talvez não saibam que entranhado em seu emaranhado psíquico estão os velhos afetos antagônicos que permeiam o “inconsciente religioso coletivo” a que se referiu Jung em suas intermináveis análises psicoteológicas. Talvez não compreendam que a história mítica do Filho do Homem representa o Arquétipo da Alteridade, que está a convocar um encontro democrático entre polaridades opostas, pelo desapego a unilateralidade que impede de se aceitar as diferenças existentes entre filhos de um mesmo Pai.

O certo é que uma briga em nome de Deus, o poder político comprou para si. O rabino Yehudah Ben Yaakov, altaneiro, chega assim, a se expressar sobre o exclusivismo de seu Deus: “Cremos que Israel é a nação sacerdotal que D-us estabeleceu dentre todas as nações, para operar em nós”.
Não há nada mais poderosamente inflamável que uma afirmação dessa natureza, ainda mais, quando se sabe que o outro lado se apresenta também com um imaginário General a frente de seu exército.

Para uma reflexão apurada dos amigos leitores e debatedores, passo, sem mais delongas, ao texto emblemático do Rabino messiânico (de julho de 2006, mas bem atual) que colhi na internet, pelo famoso Google:


“A Palavra do Rabino”

A Sinagoga SHEAR YAAKOV, como congregação judaico-messiânica observante e praticante da Torah à luz da revelação de Yeshua HaMashiach, declara publicamente seu apoio incondicional ao Estado de Israel. O SHEAR YAAKOV está incondicionalmente compromissado com o Estado de Israel, apoiando, defendendo e abençoando-o em todas as áreas.
Israel está, uma vez mais, sendo atacado por aqueles que se prestam aos propósitos satânicos de tentar nos matar, roubar e destruir. Recomendamos a todos os que pautam suas vidas pelas Sagradas Escrituras:

1 – Vigilância

Precisamos estar atentos para não sermos confundidos pela mídia tendenciosa. Busquemos a verdade, tanto para compreender a situação de Israel e dos seus inimigos dentro do contexto da História, quanto para entender detalhes importantes dos acontecimentos destes dias. A mentira aprisiona e engana, mas a Verdade liberta. Leia os artigos Argumentos em defesa de Israel e A atuação da mídia no Oriente Médio e compreenda um pouco mais sobre o que se passa em Eretz Israel. Procuremos nos manter bem informados, acessando as notícias de fontes judaicas (veja em Links). Tenhamos senso crítico ao ler as declarações de alguns líderes mundiais (ONU, países europeus, governos latinos, papa, etc.) que mal conseguem disfarçar o velho ranço de anti-semitismo em suas declarações contra Israel e a favor dos nossos inimigos.

2 – Tefilah

Cremos que Israel é a nação sacerdotal que D-us estabeleceu dentre todas as nações, para operar em nós e através de nós. É importante que cada um assuma sua responsabilidade de estar intercedendo por Israel. Sabemos que o Estado de Israel não buscou a guerra, mas depois de ter sido atacado em seu próprio território, agora exerce seu legítimo direito de auto-defesa. Oremos para que Israel vença todas suas batalhas, e alcance seus objetivos militares da forma mais rápida e eficiente possível. Oremos para que ADOSHEM TZEVAOT esteja à frente das Forças de Defesa de Israel, capacitando nossos combatentes com destreza e habilidade, e protegendo-os em Seu Nome. Oremos também por nossos irmãos em Eretz que não estão no front, para que suas vidas sejam preservadas e cada um deles possa contribuir fazendo sua parte para a vitória de Israel. Oremos pelos soldados judeus seqüestrados, para que suas vidas sejam preservadas e possam voltar vivos para suas casas. Oremos pelas suas famílias e pelas famílias daqueles que perderam seus parentes e agora estão em luto. AQUELE que ressuscita os mortos também há de enxugar todas as nossas lágrimas e confortar todos os enlutados de Israel.

Oremos também por aqueles que se colocam como nossos
inimigos, para que sejam libertos do jugo satânico que os faz atentarem não apenas contra nós, mas também contra suas próprias vidas ao se colocarem contra o D-us Vivo, o D-us de Israel. Oremos pelos árabes que não querem viver como terroristas nem desejam lutar contra Israel, mas que muitas vezes lhes faltam a força necessária para reagir aos apelos do Islã. Há alguns casos de ex-inimigos de Israel, que depois de terem experimentado a revelação de Yeshua HaMashiach tiveram suas vidas transformadas, e se arrependeram a tal ponto que hoje são sionistas fervorosos (Walid Shoebat).

Oremos também por todo o Israel que está na Galut, para que HASHEM nos ajude a ajudar nossos irmãos em Eretz de modo efetivo, e que não sejamos enredados pela inércia, omissão ou
contendas internas.

3 – Engajamento

Precisamos ter atitudes práticas que nos levem da preocupação contemplativa às ações pragmáticas. É importante que nos engajemos, de todas as formas possíveis, em ações efetivas a favor de nossos irmãos que estão em Eretz Israel. Se você quer fazer algo mais por Israel, visite http://www.yeshuachai.org

Acima de tudo, é importante estarmos conscientes de que a luta que travamos não é apenas material, não se limita a uma guerra entre homens e homens, mas transcende as interpretações políticas, históricas e ideológicas, pois é uma luta principalmente espiritual. Israel é o testemunho vivo, a evidência material, verificável até por ateus e agnósticos ao lerem seus jornais, da existência e da ação de D-us em nossos dias. Se Israel não existisse, as Escrituras poderiam ser contestadas como não sendo verossímeis, e a própria existência do D-us de Israel poderia ser negada. Mas nós judeus somos a prova viva e incontestável da veracidade de D-us e das Escrituras. Não ignoramos o ódio e as motivações satânicas dos que almejam a destruição de Israel. Essa guerra é espiritual, e nós, como sacerdotes em Yeshua HaMashiach, somos chamados à ação. Também sabemos, as Escrituras nos ensinam, que HASHEM usa situações como esta em que os inimigos nos afrontam, para tratar com Israel, levando-nos a fazer um auto-exame da nossa vida espiritual coletiva e individualmente, para que possamos ver onde erramos, nos arrepender dos nossos pecados, sermos purificados e nos consertar perante ELE. É tempo de jejuns, de muita tefilah, de muito estudo de Torah, de teshuvah, de buscarmos a face do nosso D-us, o D-us de nossos pais, Avraham, Yitzchak e Yaakov. ELE certamente nos sustentará na batalha e nos dará a vitória, e mais uma vez toda a terra saberá que há D-us em Israel.

Em Yeshua,
chessed v’shalom,
Rabi Yehudah Ben Yaakov



P.S.: 
E o rabino Yehudah Ben Yaakov termina a sua fala colocando mais lenha na “fogueira santa”, ao revisitar os velhos tempos do guerreiro “Deus dos Exércitos”- através da citação da parte final de I Samuel 17:46: “...e toda a terra saberá que há Deus em Israel”.

Por Levi B. Santos
Guarabira, 22 de novembro de 2012





Um comentário:

Levi B. Santos disse...

O link para ter acesso aos comentários ao texto aqui postado é este:

http://logosemithos.blogspot.com.br/2012/11/o-conflito-israelense-palestino-em-gaza.html?showComment=1354029665371#c9129558753976326610