O dia 17 de Novembro, que se aproxima, marca o 53°
aniversário da morte de Heitor Villa
Lobos (1887 – 1959) ―, insuperável compositor e maestro que elevou a música
brasileira a um patamar de destaque no mundo inteiro.
Eu era um rapazote, nos idos de 1962, quando pela difusora
local de minha cidade (Alagoa Grande – Pb), sempre ao anoitecer, deixava-me
inundar por um estranho sentimento, provocado pelas tristes
melodias desse magistral poeta e músico.
Naquele tempo, lembro-me bem, não perdia, por hipótese
alguma, as retretas da filarmônica realizadas nos sábados à noite no coreto da
praça central de minha cidade. Lá, sentado sobre a grama de um jardim,
deliciava-me com os belíssimos dobrados, valsas, chorinhos e boleros executados
pelos 21 músicos que formavam a nossa querida banda musical. Vibrava quando a
bandinha tocava, com muito esforço, alguma composição do saudoso Villa.
Tirando a “Ave Maria” de Gounod,
nada me tocava tão profundamente quanto as sinfonias melancolicamente
envolventes de duas épicas composições desse maestro internacionalmente
consagrado, que eram difundidas pelos “alto falantes” em meu torrão natal quase
todo final do dia: a “Bachiana n° 5” e a “Melodia Sentimental”.
A emocionante e antológica “Melodia Sentimental” fazia parte
do poema sinfônico ― “A Floresta Amazônica” ―, obra musical que Villa Lobos compôs, orquestrou e regeu, pouco
antes de falecer.
Nesta semana nostálgica, em que a maioria das famílias
reverencia os seus mortos queridos, trago, para apreciação dos amigos
internautas, o belo fragmento intensamente sentimental desse ícone da música brasileira que me
extasiava nos tempos de menino. Verdade é que essa saudosa ária ainda faz gemer
as cordas dolentes de um coração já gasto pelo tempo.
A letra da meiga modinha que, recentemente, fez parte da
trilha musical do filme, “Deus é Brasileiro”, é da poetisa e embaixatriz brasileira em Nova York,
Dora Vasconcelos, falecida em 1973, aos 62 anos de idade.
Já interpretaram essa belíssima sinfonia, renomados cantores,
como: Djavan, João Bosco, Zizi Possi, Maria Betânia, Caetano Veloso, Olivia
Byington, Elizete Cardoso, entre
outros.
Em minha opinião, dentre todos os cantores nacionais, quem
mais profundamente e de forma incomum interpretou essa canção foi Zizi Possi, que o/a leitor(a) pode
conferir no vídeo abaixo:
Melodia Sentimental:
Acorda, vem ver a lua
Que dorme na noite escura
Que surge tão bela e
branca
Derramando doçura.
Clara chama silente
Ardendo o meu sonhar.
As asas da noite que
surgem
E correm no espaço
profundo
Oh, doce amada desperta
Vem dar teu calor ao
luar.
Quisera saber-te minha
Na hora serena e calma
A sombra confia ao vento
O limite da espera
Quando dentro da noite
Reclama o teu amor.
Acorda, vem olhar a lua
Que brilha na noite
escura
Querida, és linda e meiga
Sentir meu amor e sonhar.
(de Villa Lobos e Dora Vasconcelos)
Por Levi B. Santos
Guarabira, 02 de novembro
de 2012
3 comentários:
Que maravilhoso Levi ainda mais o ney cantando ficou bom demais.
Delícia de postagem, Levi!
O Ney é fora de série. E o Villa, também.
Muito bom, Levi! Essa semana levamos uns alunos para assistirem uma orquestra popular, cujo nome é Tuhu em homenagem a Vila Lobos por sua paixão por trens e apelido de infância que remetia ao som da maria fumaça Tuhuuuu! rsrs...as crianças ficaram encantadas com a pequena orquestra de jovens. Muito bom!
Ah, e o Ney eu amo de paixão!!!
Abração!!!
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